Quasar Cia. de Dança comemora 20 anos: leia entrevista

A felicidade perseguida aos poucos e conquistada com trabalho diário. Esse é o ponto de partida de Por Instantes de Felicidade, espetáculo que comemora os 20 anos de atividade da Quasar Cia. de Dança, de Goiânia. Os tais ‘instantes de felicidade’ também representam bem a estrada percorrida pelo grupo, fundado em 1988 por Vera Bicalho e Henrique Rodovalho.

Para a montagem, Rodovalho se inspirou também em montagens antigas do grupo, buscando relembrar, principalmente, a atmosfera irreverente e bem humorada das cenas. Na trilha sonora, uma mistura de Carla Bruni, Cibelle, Céu, Madeleine Peyroux e Moreira da Silva.

O novo trabalho estréia no sábado (19/04), no Teatro Goiânia (Avenida Anhanguera s/nº, Centro. Tel.: 62 3201-4684). A temporada em comemoração pelo aniversário da companhia continua dias 20, 25, 26 e 27 de abril em Goiânia, e depois sai em turnê por outras cidades brasileiras. Por Instantes de Felicidade será apresentado às sextas-feiras e sábados às 21h, e domingos às 20h.

Por conta dos 20 anos da Quasar, o idança conversou com o coreógrafo Henrique Rodovalho, à frente da companhia desde seu nascimento. Ele falou sobre momentos memoráveis e dificuldades enfrentadas, mudanças pelos quais o grupo passou nesse período e planos para o futuro. Confira a conversa abaixo:

idança: Qual é o balanço que você faz desses 20 anos?
Estou um pouco assustado ainda. Quando começamos (Henrique e Vera Bicalho), eu não tinha na cabeça que chegaríamos até aqui. Nunca planejamos nada, sempre nos envolvíamos com o trabalho seguinte. Nossa preocupação era fazer um trabalho de qualidade e com criatividade, pensávamos no que dizer e como dizer. Por sermos uma companhia fora do eixo Rio-São Paulo, acho que nossa preocupação em provar algo era maior. E acho que fomos um dos primeiros grupos a abrir espaço para outros profissionais fora desse eixo.

idança: Quais foram as maiores dificuldades enfrentadas por vocês durante esse tempo? E os grandes sucessos?
Nossa grande dificuldade sempre foi a questão financeira/administrativa. Somos uma companhia particular, com estrutura de empresa estável, mas nunca tivemos uma estabilidade financeira porque dependemos de patrocínios. Mas a questão artística e o reconhecimento compensam. A isso eu chamo instantes de felicidade. A felicidade aparece justamente a partir das dificuldades, isso é o que nos move. E é isso que represento um pouco no novo espetáculo.

idança: Cite alguns espetáculos memoráveis da Quasar…
Não Perturbe (1988 a 94) porque traduz bem o começo da companhia, quando ainda não tínhamos um histórico forte de dança; Versos (1995), que foi o primeiro trabalho de repertório, para apresentar em viagens. Fomos com ele para a Alemanha. Coreografia para Ouvir (2000) foi o trabalho que mais apresentamos; e Só Tinha de Ser com Você (2005), que dançamos até hoje.

idança: E se fosse para escolher apenas um?
Gosto muito do Divíduo (1998)… Com ele comecei a me preocupar de fato com movimentação. Estava mais consciente dos movimentos. Ele deu a cara que a companhia tem hoje.

idança: E agora, quais são os planos para os próximos 20 anos?
Estamos com vontade de aumentar o Espaço Quasar, que funciona em Goiânia, e retomar a escola de movimento. Outro projeto que já está em curso é a Quasar Jovem, com bailarinos com idades entre 16 e 21 anos, que estreou em fevereiro. A exigência é que todos sejam goianos. Funciona como uma fonte de renovação mesmo. Percebi que não temos nenhum bailarino goiano na companhia hoje. Mas o principal é continuar sempre pensando no próximo espetáculo e não fazer planos a longo prazo. Vamos construindo tijolo por tijolo.