Rumos Dança 2007 – Interação na noite de quarta-feira
Hoje, a partir das 20h na Sala Crisantempo, se apresentam três criadores: um do Ceará, um de Minas Gerais e um do Rio Grande do Sul.
O primeiro espetáculo, Magno Pirol, do cearense Graco Alves, tem como base o livro A história da loucura, de Michel Foucault. “Para a parte física, me baseei na vida das pessoas clinicamente atestadas como loucas. Desenvolvi as reações físicas do corpo alterado, convulsivo. Assim, questiono o adestramento e os devaneios físicos e psíquicos dessas pessoas. E a platéia não é somente espectador”, diz Graco. Já o título faz uma alusão ao medicamento homônimo que gerou a expressão “Ficou só o Magno Pirol”, típica de Fortaleza, indicando que algo funcionou. “Aí entra Foucault confirmando que todos devem estar dentro da normalidade. Quem não está, deve ficar num lugar junto aos que são iguais a ele”, completa o intérprete.
O mineiro Vanilton Lakka vem em seguida com Outras Partes (foto), uma continuidade do trabalho O Corpo é a Mídia da Dança? apresentado em 2005 no Fórum Internacional de Dança, em Minas Gerais. Na ocasião, Lakka utilizou um flipbook, uma mensagem de telefone e um jogo na internet. No Rumos Dança, ele se apresenta com os dançarinos Cloifson Luis e Fábio Costa. “Quais os suportes possíveis para construir dança é a minha questão principal. Cada um deles tem a sua autonomia apesar de estarem linkados um ao outro. Para São Paulo, trouxemos cinco pinos de 2,20m cada, tipo um ‘joão bobo’ inflável que continha manuais de instrução, mais uma mesa com duas telas e alguns brinquedos, pensando justamente na interação e não somente no corpo humano”, explica. Segundo Lakka, a cena não tem uma necessidade complexa. Apenas uma luz branca e objetos. “Quanto mais autonomia eu tiver, melhor. É uma questão política de criar outras estratégias para chegar ao público”, finaliza.
Fechando a noite, o gaúcho João Fernando Cabral apresenta Mania de Ser Profundo ou Por que Eu Parei de Jogar Futebol?. “Trabalho com duas idéias: a desconstrução da minha presença espetacular em relação ao público, tendo um corpo transparente, e qual o espaço do gosto e do prazer na dança hoje”, diz João Fernando. Nesse trabalho, que tem Benoit Lachambre como colaborador para a dramaturgia, o intérprete busca o prazer no tempo de diálogo com o público. “Tento alcançar um novo nível interativo, como uma conversa”. Quero trabalhar esse tempo que eu posso saborear”, complementa o criador.