Rumos Dança 2007 – Lançamento de livro no Itaú Cultural
Neste sábado, às 17h, todos estão convidados para o lançamento do livro Húmus 2, uma coletânea de textos organizada pela pesquisadora, coreógrafa e diretora gaúcha Sigrid Nora. “Seleciono entre 15 e 18 textos, tentando privilegiar as diversas áreas do saber. Eles tratam do corpo e seus intercruzamentos com as outras áreas do conhecimento. Como é uma produção do sul do país, procuro deixar um número de autores sulistas para que a gente possa ter justamente o intercâmbio das informações, para que possamos difundir a produção regional do Rio Grande do Sul e, ao mesmo tempo, levar para lá os trabalhos que estão sendo desenvolvidos pelos pesquisadores do resto do país”, diz Sigrid. A publicação recebeu apoio do programa Rumos Itaú Cultural Dança e sua primeira edição, lançada em 2004, ganha reimpressão e distribuição para todo o Brasil.
A programação das performances continua na Sala Crisantempo, a partir das 20h, com três obras de criadores paulistas.
Alcântara, de Daniela Dini, nasceu de uma extensa pesquisa acerca da sonoridade e da dança presentes em manifestações populares do estado maranhense. Elas recebem várias denominações e se encontram em diversas regiões com características específicas (são chamadas Bambaê de Caixas, Carimbó e Caroço). “Fui buscando formas de diálogos entre essa vivência e minha formação em dança e arte contemporânea. A questão central da obra são os encontros e os diálogos interculturais e procura refletir a respeito de como as informações se reconstroem no corpo. A dança já não é mais a reprodução de passos de dança tradicional, mas se desdobram em mim, buscando a idéia de um corpo miscigenado”, diz Daniela. Segundo a artista, a composição eletroacústica de José Luiz Martinez seguiu o mesmo pensamento. “As músicas dos repertórios tradicionais foram usadas e misturadas com recursos de música contemporânea, criando uma outra textura com personalidade própria”, revela.
O segundo espetáculo, Organizador de Carne (foto), é baseado em uma experiência da coreógrafa Sheila Ribeiro no Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic). “Uma policial me interpelou e perguntou se eu era gente ou animal, porque passei por baixo daqueles organizadores de fila. Comecei a pesquisar essa questão. Não que eu tenha interesse em etologia, mas porque eu tenho interesse no que denigre, inclui ou exclui uma pessoa de sua autonomia principalmente. No momento que eu passei por baixo daquele organizador, eu fui denegrida a um animal, excluída da ‘classe’ humana, porque eu não respeitei o poder daquele objeto e da linguagem a que ele corresponderia. Fiquei pensando sobre quando é que somos considerados gente ou não dependendo do tipo até de movimento que você faz. Exploro muito o ritmo nessa coreografia, justamente como statement, para dizer que ele não denigre minha capacidade de crítica, meu pensamento e minha possibilidade de estar viva e não ser um animal”, explica Sheila, que assina a concepção e divide a cena com o músico piauiense Josh S.
Correr o risco/ arriscar o traço/ traçar a linha/ (des)alinhar o espaço/ espassar o tempo/ temperar o gesto/ gestar a cor são as expressões que permeiam Pele Pelo Osso, performance de Daniel Fagundes. “Além de dançar, eu desenho. O que me interessa é a relação entre o traço do desenho e o traço da dança. Não tenho necessidade de dançar o desenho, nem de desenhar a dança, mas sim ver o desenho como forma de pensar o corpo e a dança como possibilidade de desenho”, explica o artista. Daniel é formado em Dança e Performance pelo curso Comunicação das Artes do Corpo, PUC-SP. Compôs a trilha sonora da instalação ImPermanências, de Vera Sala, e atualmente integra a Key Zetta e Cia. e o núcleo de improvisação dirigido pela bailarina Zélia Monteiro.