Solos de Dança no Sesc, edição 2007
Começa dia 8 de março a oitava edição do projeto Solos de Dança no Sesc. Durante duas semanas, os cariocas poderão conferir o resultado do encontro entre bailarinos consagrados por sua técnica vivência e coreógrafos de renome especialmente convidados. As peças – sempre inéditas e criadas para o evento – desvendam arte e artista- este, só, na berlinda do palco.
Este ano, uma novidade aparece em forma de inspiração coreográfica. O projeto propõs aos artistas convidados um novo formato: que a motivação das criações partisse do texto poético Acertar o Alvo, criado pela curitibana Alice Ruiz especialmente para os solos (veja o texto na íntegra, logo abaixo). A inspiração inicial vem dos sete pecados capitais – e a partir deste desafio, a liberdade de criação é total. “Desde o ano passado os contornos já estão um pouco diferentes. Não se trata mais de um evento essencialmente carioca, embora continue com a proposta dos bailarinos, pelo menos, serem do Rio”, conta a Coordenadora Bia Radunsky. “A exigência de ineditismo permaneceu, pois acho que esse é o maior desafio do projeto”.
Desde a primeira edição, em 2000, o projeto vem atuando como estímulo à pluralidade, propondo diferenciais para a dança carioca. Este painel variado de trabalhos inéditos faz do Espaço SESC um dos principais pontos de confluência no eterno e necessário questionamento da dança.
Estarão no palco-arena do teatro em Copacabana os intérpretes Bruno Cezario (vindo direta e especialmente do Ballet de Lyon), Fabiana Nunes, Natasha Mesquita, Paula Águas (na primeira semana), e Andréa Bergallo, Inho Senna, Laura Prochet e Rodrigo Maia (na segunda semana). Todos, de idades e formações diversas, mais experiência ou menor vivência da profissão, com linguagens que se redescobrem no desafio de estar sozinho em cena.
Os solos têm cerca de 15 minutos cada. Sempre no Teatro de Arena, de quinta a sábado, às 21hs, e domingo, às 19h30.
Primeira semana (8 a 11 de março):
BRUNO CEZARIO / SHINTARO OUE – Just close eyes and you see what you can’t see
FABIANA NUNES/LUIZ FERNANDO BONGIOVANNI –Acídia – ou sobre as possibilidades da tristeza existencial
NATASHA MESQUITA / SUELY MACHADO- Unheimlich
PAULA ÁGUAS / MARIO NASCIMENTO – Caminho Aberto
Segunda semana (16 a 19 de março):
INHO SENA / CARLOTA PORTELLA – O Prato da Balança
ANDREA BERGALLO / DENISE STUTZ – Percurso coerente para um corpo impertinente
LAURA PROCHET / JOÃO WLAMIR – Lado B
RODRIGO MAIA/ PAULO MARQUES – … algum início…
Espaço SESC
Rua Domingos Ferreira, 160 – Copacabana -Tel: 21 2547 0156
Ingressos: R$ 12 e R$ 6 (estudantes, maiores de 65 anos) e R$ 3 (comerciários)
Classificação etária: LIVRE – Lotação: 240 lugares
ACERTAR O ALVO, de Alice Ruiz
Errar o alvo é pecar. / Buscar fora o que é de dentro.
A aparência em vez da essência. /Preferir o artifício. Esquecer do que se é.
Perder a naturalidade. O sentido da vida. / Colocar no corpo o que é do espírito.
Um vício no lugar de uma virtude.
O Orgulho, querer parecer o que não é, /no lugar da Humildade, saber ser filho da terra.
A Inveja, que só existe por comparação, separando,/ no lugar da Compaixão, sentir junto.
A Ira, ficar fora de si e assim perder-se, / no lugar da Paciência, a compreensão da dor.
A Preguiça, não pensar, não sentir, não agir / no lugar da Diligência, fazer com amor.
A Avareza, ignorar os meios e só ver os fins, / no lugar da Generosidade, fazer parte do todo.
A Gula, querer engolir sem digerir, /no lugar da Temperança, equilibrar os temperos.
A Luxúria, viver para os instintos / no lugar da Castidade, ser de si mesmo.
Pecados porque erramos de alvo. / Capitais porque encabeçam outros erros.
Devem ser conhecidos e compreendidos. / Mas não reprimidos. São desejos naturais.
E erros, se tomam o poder e assumem o controle. / Nascem da tristeza de ser vazio.
E geram o vazio interior. / Que é o lugar da tristeza.
A tristeza de rejeitar o paraíso. / De ter sido rejeitado por ele.
Um Demônio ao Meio Dia. / Sem seu próprio Deus dentro.
A Tristeza é o pecado oculto / para onde todos os outros convergem.
E sua virtude é a Fortaleza. / A que existe entre o anjo e o leão,
que convivem em nós. / Com suavidade e firmeza.
Acertar o alvo é fazer que assim seja.