{"id":23687,"date":"2013-05-29T09:06:42","date_gmt":"2013-05-29T12:06:42","guid":{"rendered":"https:\/\/idanca.net\/?p=23687"},"modified":"2013-06-11T22:38:03","modified_gmt":"2013-06-12T01:38:03","slug":"fidcu-2013-combina-novas-formas-de-producao-com-o-encanto-dos-festivais-a-moda-antiga","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/idanca.net\/fidcu-2013-combina-novas-formas-de-producao-com-o-encanto-dos-festivais-a-moda-antiga\/","title":{"rendered":"FIDCU 2013 combina novas formas de produ\u00e7\u00e3o com o encanto dos festivais “\u00e0 moda antiga”"},"content":{"rendered":"
A segunda edi\u00e7\u00e3o do FIDCU<\/a> (Festival Internacional de Danza Contempor\u00e1nea de Uruguay), que aconteceu em Montevideo dos dias 13 ao 19 de maio, apresentou algumas caracter\u00edsticas dignas de destaque.<\/p>\n Concebido e dirigido pelos artistas-curadores Santiago Turenne e Paula Giuria, o festival promoveu a apresenta\u00e7\u00e3o de quatorze trabalhos de artistas uruguaios e internacionais (raramente programados no Brasil), a realiza\u00e7\u00e3o de nove oficinas e de uma s\u00e9rie de a\u00e7\u00f5es vinculadas aos projetos associados tais como o “Programa Artistas en Residencia (PAR)<\/a>” \u2013 que teve como residente a brasileira Michelle Moura \u2013, o “Circuito Cultural Cono Sur (CCCS)”<\/a> e a “Cl\u00ednica para la formaci\u00f3n profesional en danza contempor\u00e1nea”, entre outros.<\/p>\n Da programa\u00e7\u00e3o cabe destacar o acerto dos curadores ao convidar artistas que organizam seu pensamento coreogr\u00e1fico de maneiras distintas, proporcionando um panorama diversificado das quest\u00f5es que estimulam a cria\u00e7\u00e3o art\u00edstica na atualidade.<\/p>\n Come\u00e7ando com o premiado espet\u00e1culo “Piranha” do brasileiro Wagner Schwartz e concluindo com “Nosotres” da chilena Javiera Pe\u00f3n-Veiga \u2013 obra que prop\u00f5e uma celebra\u00e7\u00e3o da pot\u00eancia do corpo questionando as categorias de g\u00eanero \u2013, o festival contou ainda com a presen\u00e7a dos mexicanos Juan Francisco Maldonado e Esthel Vogrig, a su\u00ed\u00e7a \u2013 residente em Berlim \u2013 Irina Muller, o portugu\u00eas Dinis Machado e o argentino Juan Onofre que criou em “Todo Junto” um bel\u00edssimo di\u00e1logo entre o popular e o erudito onde rela\u00e7\u00e3o entre dois performers exala sensibilidade e delicadeza.<\/p>\n No espa\u00e7o reservado para os artistas locais o festival programou, em parceria com o curador Juliano Azevedo, as obras “Amorfo” de Florencia Martinelli, “Desde” de Vera Garat, Tamara Gomez e Luc\u00eda Valeta, “Discontinuanimalidad”de Luc\u00eda Naser, “Rebel” de Fabian Santarciel de la Quintana, “New” de Lupita Pulpo (dupla de cria\u00e7\u00e3o formada pela uruguaia Ayara Hernandez e o alem\u00e3o Felix Marchand) e a apresenta\u00e7\u00e3o do trabalho em processo “Otro teatro” que aposta na instaura\u00e7\u00e3o de ritual potentemente conduzido pela a\u00e7\u00e3o xam\u00e2nica da uruguaia, residente em Nova Iorque, Luciana Achugar.<\/p>\n Digna de destaque \u00e9 tamb\u00e9m a iniciativa atrelada ao “Projeto Pulpo”, do Colectivo AM, que funcionou como um dos disparadores do di\u00e1logo atrav\u00e9s distribui\u00e7\u00e3o de cr\u00edticas sobre as obras, rec\u00e9m-sa\u00eddas do forno, publicadas no fanzine intitulado “Amor em Uruguay<\/a>” cujos exemplares eram oferecidos gratuitamente todos os dias?<\/a>?. Alguns dos participantes deste projeto lan\u00e7aram tamb\u00e9m, durante o evento, o livro chamado “Interferencias” de um modo inusitado e criativo.<\/p>\n Outro acerto do festival foi espa\u00e7o de troca a n\u00edvel t\u00e9cnico, especialmente no que diz respeito \u00e0 ilumina\u00e7\u00e3o c\u00eanica que foi o assunto das oficinas ministradas por Florian Bach, respons\u00e1vel pela instigante atmosfera da obra “In a lightscape” e Benjamin Schallike, o criador das luzes de “New”. A proposta de aprofundar na quest\u00e3o trocando conhecimentos sobre a arte da ilumina\u00e7\u00e3o foi da talentos\u00edssima Leticia Skryky, diretora t\u00e9cnica do festival, que vem encarando seu oficio e a sua fun\u00e7\u00e3o com uma sensibilidade extrema.<\/p>\n Investindo em v\u00e1rias frentes de a\u00e7\u00e3o e envolvendo diversas propostas imbricadas, o festival \u2013 movido pela m\u00e1xima “a arte \u00e9 um estado de encontro” \u2013 conseguiu criar proveitosos espa\u00e7os para a reflex\u00e3o, a cr\u00edtica, a forma\u00e7\u00e3o e o debate sobre gest\u00e3o e pol\u00edticas culturais, tornando-se um modelo a ser levado em considera\u00e7\u00e3o.<\/p>\n Estas estrat\u00e9gias de associa\u00e7\u00e3o e coprodu\u00e7\u00e3o \u2013 que adotam formatos de gest\u00e3o cada vez mais comuns nestes eventos \u2013 garantem a continuidade e a diversidade de propostas, no entanto, o maior encanto do FIDCU talvez resida na preserva\u00e7\u00e3o de um contexto de troca “\u00e0 moda antiga”, onde todos os envolvidos convivem diariamente durante todo o festival.<\/p>\n Hospedados em um antigo e charmoso hotel a poucos metros do “Teatro Sol\u00eds” (sede de v\u00e1rios espet\u00e1culos) e a apenas algumas quadras do “Museu do Carnaval” e das demais institui\u00e7\u00f5es onde aconteciam as atividades, core\u00f3grafos, bailarinos, cr\u00edticos e gestores almo\u00e7avam, jantavam e andavam sempre juntos trocando suas impress\u00f5es sobre os trabalhos.<\/p>\n Apostando nesta intensa conviv\u00eancia e nos v\u00ednculos s\u00f3lidos que esta \u00e9 capaz de gerar, o festival opera na contram\u00e3o de outros eventos an\u00e1logos onde, muitas vezes, por restri\u00e7\u00f5es or\u00e7ament\u00e1rias, a estadia dos artistas se reduz aos dias de suas respectivas apresenta\u00e7\u00f5es, impedindo-lhes a possibilidade de participar, de fato, de um projeto coletivo.<\/p>\n Para continuar as atividades ansiosamente aguardadas pela classe art\u00edstica local que, devido \u00e0 escassez de iniciativas na regi\u00e3o, aproveitou intensamente todas as propostas, o festival precisa de investidores para a pr\u00f3xima edi\u00e7\u00e3o visto que o financiamento obtido por meio do edital de “Apoio a redes, festivais e espa\u00e7os c\u00eanicos para a programa\u00e7\u00e3o de espet\u00e1culos” concedido por Iberescena n\u00e3o pode ser renovado por mais de dois anos consecutivos.<\/p>\n Apostando no dialogo cont\u00ednuo, dando maior visibilidade ao trabalho de artistas latino-americanos e investindo nos desdobramentos poss\u00edveis desse “estado de encontro”, o FIDCU 2013 mal acabou e j\u00e1 est\u00e1 deixando saudades.<\/p>\n \u00a0*\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0 * \u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0 *<\/p>\n \u00a0Luc\u00eda Y\u00e1\u00f1ez (Uruguai\/Brasil) \u00e9 artista e pesquisadora em dan\u00e7a, mestre em artes c\u00eanicas pela UNIRIO e doutora em Hist\u00f3ria Social da Cultura pela PUC-Rio.<\/p>\n \n","protected":false},"excerpt":{"rendered":" A segunda edi\u00e7\u00e3o do FIDCU (Festival Internacional de Danza Contempor\u00e1nea de Uruguay), que aconteceu em Montevideo dos dias 13 ao 19 de maio, apresentou algumas caracter\u00edsticas dignas de destaque. 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