{"id":27894,"date":"2016-12-02T03:45:32","date_gmt":"2016-12-02T05:45:32","guid":{"rendered":"https:\/\/idanca.net\/?p=27894"},"modified":"2017-02-21T04:09:26","modified_gmt":"2017-02-21T07:09:26","slug":"ainda-seria-corpo-casa-do-movimento","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/idanca.net\/ainda-seria-corpo-casa-do-movimento\/","title":{"rendered":"Ainda seria a Corpo, a Casa\u2026 do Movimento?"},"content":{"rendered":"

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A “flutua\u00e7\u00e3o” n\u00e3o \u00e9 a “liquidez”. \u00c9 muito mais inconsistente e veloz… mas podendo tamb\u00e9m ser bem lenta, quase parada e bastante conectiva. A “flutua\u00e7\u00e3o” n\u00e3o \u00e9 boa, nem ruim. Pode ser boa, pode ser ruim. N\u00e3o \u00e9 uma cr\u00edtica a algo que se deve evitar. \u00c9 uma constata\u00e7\u00e3o a algo que se pode assumir. A “flutua\u00e7\u00e3o”, diria Freud, \u00e9 uma qualidade de aten\u00e7\u00e3o capaz de “deixar vir” as “associa\u00e7\u00f5es livres” para a emerg\u00eancia do Unheimlic<\/em>h <\/em>(“O estranho”\/”O Inquietante”), essa diferen\u00e7a familiar, n\u00e3o mais do outro, mas j\u00e1 da nossa pr\u00f3pria intimidade, a s\u00f3rdida diferen\u00e7a de mim para comigo mesmo, t\u00e3o dif\u00edcil de ser reconhecida e tolerada, como certa vez ouvi de Contardo Calligaris. N\u00e3o \u00e0 toa, como nos lembra Lacan, o afeto nessa situa\u00e7\u00e3o t\u00e3o pr\u00f3xima do Real, \u00e9 a “ang\u00fastia”, mas nos lembrou tamb\u00e9m Badiou: o \u201centusiasmo”! A “flutua\u00e7\u00e3o” est\u00e1 sim ligada ao fato da “vida on-line” estar pautando a “vida off-line\u201d \u2014 como na simultaneidade que conversamos com pessoas diferentes no whatsapp<\/em> \u2014 n\u00e3o somente o inverso, como h\u00e1 alguns anos atr\u00e1s. Mas tamb\u00e9m, n\u00e3o culpemos as m\u00e1quinas, quisemos n\u00f3s, em hist\u00f3ria, romper com as “conven\u00e7\u00f5es”, com as \u201cfronteiras”, com as \u201cverticalidades\u201d, com as “bordas”, “borrar os limites”, “dissolver o(s) ideal(is), ou mesmo multiplic\u00e1-los \u00e0 extens\u00e3o daquilo que nem nossos conceitos, nossa mente, e nem mesmo nosso corpo, o \u00faltimo protagonista (do s\u00e9c. XX) podem alcan\u00e7ar integralmente. De modo que na constante metamorfose ambulante, seja ela de ordem mercadol\u00f3gica (como na obsolesc\u00eancia\u00a0 programada dos smartphones <\/em>que tem feito nossas selfies<\/em>), seja ela de ordem espiritual (como os “ind\u00edgenas” de Kleber Damaso), ou ainda no cruzamento entre mercado e espiritualidade (como no “Espa\u00e7o Al\u00e9m” de Marina Abramovic), a “flutua\u00e7\u00e3o” parece ser o que tem nos cabido para lidar com o fato de que j\u00e1 nos importa menos as coisas densas, pois descartamo-as, modificamo-as, retomamo-as: tira-se peito, p\u00f5e peito… emagrece, engorda… hipertrofia m\u00fasculo, fica-se fl\u00e1cido, hipertrofia outra vez… l\u00ea-se dezenas de artigos, ou os publica, ou mesmo as dezenas, centenas de posts<\/em> pela avalanche facebookiana, ou ainda “like<\/em>” them<\/em>, ou “compartilha”, entra-se, mas tamb\u00e9m permite-se sair e at\u00e9 entrar de novo nas causas e movimentos sociais as mais diversas (ou contra elas, como a \u201cdegrada\u00e7\u00e3o do mundo gay\u201d possivelmente lida na dan\u00e7a de Andr\u00e9 Masseno)… faz-se aulas de bal\u00e9 (?), cross-fit (?), educa\u00e7\u00e3o som\u00e1tica (?), improvisa\u00e7\u00e3o (?), expressividade para o ator (?), nata\u00e7\u00e3o (?), hip hop (?), dramaturgia (?), clown, (?) parkour (?), yoga (?), presen\u00e7a de palco (?), coaching (?), especializa\u00e7\u00f5es ou MBA\u2019 s (?) \u2026 : pelo hibridismo corporal, diria Laurence Louppe\u2026 ou l\u00ea-se tutoriais para fazer autonomamente (?) funcionar os pr\u00f3prios gadgets, inclusive a pr\u00f3pria subjetividade, “auto-fazendo-se” como diz a “tirania da escolha” de Renata Salecl sobre a modelagem ansiog\u00eanica indicada nos livros de “como ser” de auto-ajuda ou na explos\u00e3o midi\u00e1tica das propagandas a confundir \u201cpoder de aquisi\u00e7\u00e3o\u201d como \u201cpoder de auto-constru\u00e7\u00e3o\u201d; mas tamb\u00e9m nos “congressos acad\u00eamicos e nas universidades\u2026 e na arte\u201d , haja visto o produtivismo j\u00e1 anunciado por Xavier Le Roy em “Product of Circumstances” (1999). De modo que menos importa contornar os limites de uma entidade, formando-lhe corpo, mas sim, ARgumentAR, criticAR (como de alguma forma, Luciana Ribeiro, lembrou-nos em conversa recente) e experimentAR. Sem ter que caber num corpo pr\u00f3prio, a vida assumidamente enredada \u00e9 uma vida de incorpora\u00e7\u00e3o, assim como de desincorpora\u00e7\u00e3o. Mas o que fica? Quem “eu” \u00e9? Essa “flutua\u00e7\u00e3o” permitida na des-incorpora\u00e7\u00e3o de tantos corpos poss\u00edveis. \u00c9, assim, a imaterialidade o que o s\u00e9c XXI parece querer por \u00e0 frente. E o Babyson insiste l\u00e1 no fundo: “Mas voc\u00ea n\u00e3o acredita em algo al\u00e9m que te move”? Algo maior? Deus?”. Na “flutua\u00e7\u00e3o”, n\u00e3o sabemos, temos ind\u00edcios, re-ligares, porque h\u00e1 des-ligares tamb\u00e9m. Cabe a \u201cf\u00e9” como economia de “flutua\u00e7\u00e3o”? Vamos respondendo… Mas coreograficamente, gostaria de lembrar, \u201cflutuar” pode at\u00e9 se mover muito (como na liquidez p\u00f3s-moderna), mas tamb\u00e9m pode ficar ali, bem parado, suspenso no AR (e n\u00e3o ser ra\u00edz), como os instantes de v\u00f4o de um beija-flor ou o momento da abdu\u00e7\u00e3o extra-terrena de um disco-voador. “Uep my eyes, go looking for flying soucers in the sky”, caetaneando j\u00e1 n\u00e3o faz destaque se \u00e9 “eu-com-abacaxi”, \u201ceu-com-c\u00f4co”, \u201ceu-com-melancia\u201d, \u201ceu-com-manga”, mas o \u201ceu-com\u2026\u201d: ligar, desligar, religar, n\u00e3o \u00e9 Wagner Schwartz? Mas continuamos procurando dire\u00e7\u00f5es sim. Para isso vale os recursos que encontrARmos. Seja atrav\u00e9s de uma manga de vento… ou suas metaforiza\u00e7\u00f5es.<\/p>\n

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P(r)onto. Tomemos f\u00f4lego\u2026<\/p>\n

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Alguma sugest\u00e3o Michelle Moura, desde o aerado estado vocalizante de seu Fole<\/em>?! ou talvez Ex\u00fa tenha algo a dizer sobre isso tamb\u00e9m. Ou ainda podemos nos dispor sensorialmente a estar envolto \u00e0s nuvens na instala\u00e7\u00e3o perform\u00e1tica Cristal <\/em>de Ciane Fernandes em Coletivo A-Feto, com seus performers algodoados\u2026<\/p>\n

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h\u00edfen.\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0 .<\/p>\n

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M\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0 ..\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0\u00a0 .<\/p>\n

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a cada des-ligamento.<\/p>\n

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Eduardo Rosa<\/em> \u00e9 artista desde a Dan\u00e7a. Doutorando em Artes C\u00eanicas pelo PPGAC-UFBA. Docente do curso superior em Produ\u00e7\u00e3o C\u00eanica do ITEGO Basileu Fran\u00e7a. Psic\u00f3logo no Logos Instituto<\/em>, em Goi\u00e2nia.<\/p>\n

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