{"id":361,"date":"2005-01-21T00:00:00","date_gmt":"2005-01-21T00:00:00","guid":{"rendered":"http:\/\/beta.idanca.net\/2005\/01\/21\/bertazzo-decanta-o-gesto-humano\/"},"modified":"2008-07-16T19:10:25","modified_gmt":"2008-07-16T22:10:25","slug":"bertazzo-decanta-o-gesto-humano","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/idanca.net\/bertazzo-decanta-o-gesto-humano\/","title":{"rendered":"Bertazzo decanta o gesto humano"},"content":{"rendered":"

Tudo come\u00e7ou em roda. Ou melhor, em Dan\u00e7as e Roda I<\/em>, no ano de 1976. Naquela \u00e9poca, Ivaldo Bertazzo apresentava sua primeira coreografia, sugerindo j\u00e1 os pilares que hoje fundamentam seu trabalho: consci\u00eancia, autonomia e estrutura corporal. Com 35 pessoas no palco do Teatro Ruth Escobar, em S\u00e3o Paulo, o core\u00f3grafo e reeducador do corpo, um dos mais renomados atualmente, fazia refletir sobre diversidade e individualidade no contexto da cultura brasileira. Assim, com elencos m\u00f3veis e sempre numerosos, apontava para a rela\u00e7\u00e3o com o outro posicionado ao lado e \u00e0 frente no movimento em roda; espa\u00e7o poss\u00edvel de reconhecimento do corpo como protagonista de uma dan\u00e7a coletiva. Tendo como pano de fundo a Escola de Reeduca\u00e7\u00e3o do Movimento, criada por ele em 1975, ensaiava o dom\u00ednio dos gestos que depois seriam vistos no palco. Num momento hist\u00f3rico de forte repress\u00e3o pol\u00edtica e cultural _ seguido do per\u00edodo de redemocratiza\u00e7\u00e3o _ este paulistano da Mooca, nascido em 1949, levaria a liberdade do movimento e a organiza\u00e7\u00e3o coletiva, respectivamente, para dentro da cena. Seriam mais de 20 espet\u00e1culos criados at\u00e9 1992, em que o corpo humano ocuparia o eixo central.<\/p>\n

\u00c9 nesta paisagem que Bertazzo formula o termo cidad\u00e3o-dan\u00e7ante<\/strong><\/em>: bailarinos n\u00e3o-profissionais, que por meio da dan\u00e7a investigam identidades e novas posi\u00e7\u00f5es de vida; racioc\u00ednios do corpo que precipitam, por qu\u00ea n\u00e3o, em linguagem verbal. Sempre com a inten\u00e7\u00e3o de democratizar a dan\u00e7a, tradicionalmente elitista no Brasil, uniu com facilidade o erudito e o popular, ao mesmo tempo em que explorava no corpo a linguagem das dan\u00e7as orientais, em especial a indiana. Com o bharata natyan, o kathak e o odissi, estilos que mais o influenciaram, assimilou uma geometria corporal, que inclui no\u00e7\u00f5es de lateralidade, profundidade e verticalidade, al\u00e9m do uso da bacia como centro do corpo. A isso, somou-se o aprendizado da musicalidade do gesto (ou seja, o canto do ritmo com s\u00edlabas fon\u00e9ticas como ta, tei, tam), que na \u00cdndia antecede a execu\u00e7\u00e3o dele pr\u00f3prio. Sem se ater ao simbolismo caracter\u00edstico da dan\u00e7a daquele pa\u00eds, Bertazzo at\u00e9 hoje utiliza alguns de seus princ\u00edpios como ferramenta para desenvolver conex\u00f5es refinadas de psicomotricidade. Assim \u00e9, por exemplo, com o trabalho da musculatura da face, que auxilia a focar o olhar, al\u00e9m de indicar caminhos para uma maior expressividade.<\/p>\n

A partir de 1982, Bertazzo entra em contato com o estudo desenvolvido pelas pesquisadoras Suzanne Piret e Marie-Madaleine B\u00e9ziers, na Fran\u00e7a, e Godelieve Denys Struyf, na B\u00e9lgica, envolvendo conceitos de cadeias musculares e de movimento fundamental. Nesse per\u00edodo, solidifica um conhecimento acerca do funcionamento do corpo humano, bem como um m\u00e9todo pr\u00f3prio, cuidadosamente adaptado \u00e0 forma brasileira de se mover. Em cont\u00ednua produ\u00e7\u00e3o art\u00edstica, com Cidad\u00e3o Corpo<\/em>, de 1996, inicia um per\u00edodo f\u00e9rtil de cria\u00e7\u00f5es marcantes em que cidadania e “brasilidade da dan\u00e7a” n\u00e3o se dissociam das quest\u00f5es do corpo. Nesse contexto, apresenta, consecutivamente, Palco, Academia e Periferia (O Penhor Dessa Igualdade), Ciranda dos Homens\u2026Carnaval dos Animais, e Al\u00e9m da Linha d\u2019\u00c1gua<\/em>. A partir de 2000, \u00e9 a vez da comunidade. Movido pela preocupa\u00e7\u00e3o de uma dan\u00e7a respons\u00e1vel, mergulha no trabalho social, tendo como ponto de partida o Complexo da Mar\u00e9, no Rio de Janeiro. Do projeto resultam tr\u00eas espet\u00e1culos: M\u00e3e Gentil (2000), Folias Guanabaras (2001) e Dan\u00e7a das Mar\u00e9s (2002)<\/em>.<\/p>\n

Em mar\u00e7o deste ano, as \u00e1guas do Rio escoaram em uma das ruas de S\u00e3o Paulo: Samwaad – Rua do Encontro<\/em>, no Sesc Belenzinho. Mas ao inv\u00e9s do costumeiro caos destes caminhos p\u00fablicos paulistanos, \u00e9 a harmonia (samwaad), como o t\u00edtulo sugere, que d\u00e1 o tom da conversa. Desta vez, s\u00e3o 54 jovens reunidos no espa\u00e7o da dan\u00e7a, no tempo de uma gesta\u00e7\u00e3o. Nove meses de ensaio at\u00e9 a estr\u00e9ia, em aulas de reeduca\u00e7\u00e3o do movimento, percuss\u00e3o, origami e express\u00e3o verbal, fazendo jus \u00e0 import\u00e2ncia dada aos caminhos do processo. Antes a forma\u00e7\u00e3o de cidad\u00e3os cotidianos do que propriamente profissionais da \u00e1rea. Neste sentido, surgem os arte-educadores, novo norte na trajet\u00f3ria de Bertazzo e poss\u00edveis propagadores de seu conhecimento. Da trilha sonora, em que pese a beleza do encontro entre c\u00edtaras e tamborins, gravada ao vivo em novembro de 2003, pode-se dizer que ela aparece quase como quadros mel\u00f3dicos somados ao cen\u00e1rio do carnavalesco Chico Spinosa. Com a dan\u00e7a, ent\u00e3o, n\u00e3o poderia ser diferente: recolocada na rua, seu habitat natural por excel\u00eancia, inunda o palco (e a plat\u00e9ia) em sucessivas ondas de movimento, iniciadas pelo arrastar de uma cobra que se faz ver no palco. Sem perder o ineditismo de cada corpo, o que era indiv\u00edduo evolui em comunidade. E assim sucessivamente, em dan\u00e7as e rodas. Ou quem sabe at\u00e9 em elipses e infinitos.<\/p>\n

Pensando, ent\u00e3o, no movimento de Samwaad \u00e9 que pode ser desenhada uma trajet\u00f3ria de sucesso iniciada na cidade de S\u00e3o Paulo e expandida pelos seus arredores. Ap\u00f3s uma temporada de mais de tr\u00eas meses no Sesc Belenzinho, foi vez de outros Sescs receberem o espet\u00e1culo em seus palcos: Sesc Santo Andr\u00e9, Sesc Santos, Sesc Bauru, Sesc Rio Preto, Sesc S\u00e3o Carlos, Sesc Ribeir\u00e3o Preto, Sesc Campinas, Sesc Araraquara, Sesc Bertioga e Sesc Piracicaba. Mais tarde, em novembro de 2004, ap\u00f3s reestrear em S\u00e3o Paulo, no Sesc Pinheiros, a harmonia de Samwaad alcan\u00e7ou as cidades metropolitanas que comp\u00f5em o p\u00f3lo sul brasileiro: Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Curitiba. Ao todo, mais de 60 mil espectadores tiveram a oportunidade de assistir o espet\u00e1culo.<\/p>\n

Agora Samwaad tamb\u00e9m pode ser visto em DVD duplo, lan\u00e7ado em dezembro de 2004 pelo Sesc S\u00e3o Paulo. Com dire\u00e7\u00e3o de Marcelo Amiky e argumento e roteiro de In\u00eas Bog\u00e9a, o DVD inclui, na primeira parte, o espet\u00e1culo completo, com cenas selecionadas e comentadas, e na segunda parte, o projeto Dan\u00e7a Comunidade, onde Bertazzo apresenta seu trabalho de Reeduca\u00e7\u00e3o do Movimento, com depoimentos de Danilo Santos de Miranda, Contardo Calligaris, Drauzio Varella, M\u00e1rika Gidali e Tom Z\u00e9, al\u00e9m dos pr\u00f3prios dan\u00e7arinos. O DVD traz ainda o trilha sonora do espet\u00e1culo, gravado no Sesc Belenzinho, com depoimentos dos m\u00fasicos Madhup Mudgal, Benjamin Taubkin e Rafael Y Castro. Onde comprar: na rede Sesc S\u00e3o Paulo. Pre\u00e7o: R$ 38,00.<\/p>\n

O que voc\u00ea busca nesse encontro de sonoridades?<\/strong>
\nDo mesmo jeito que procuramos um gesto pr\u00f3prio do desenvolvimento motor da esp\u00e9cie humana e n\u00e3o especificamente de uma cultura, na parte musical o que eu desejei foi colocar o m\u00fasico ritmista de escola de samba em contato com uma elabora\u00e7\u00e3o mais refinada do seu tamborim, do seu surdo, do seu instrumento. O m\u00fasico teve que refletir horas sobre acordes ou modifica\u00e7\u00f5es de harmonias que ele n\u00e3o estava habituado. No encontro entre eles e os m\u00fasicos indianos houve estranhamento e encantamento das duas partes: “Que bicho \u00e9 esse t\u00e3o diferente de mim?”, “Nossa, que coisa estranha!”, diziam entre eles, enquanto dirigiram-se para a tabla, para a c\u00edtara ou para a cu\u00edca. Nesse encontro, aos poucos, o m\u00fasico e o sambista, rev\u00eaem e reconhecem o que fazem cotidianamente. Nesse encontro de coisas t\u00e3o diversas temos um exerc\u00edcio interno de modificar o padr\u00e3o, de se apresentar ou de se conhecer de outro jeito.<\/p>\n

Um pouco como a crian\u00e7a que est\u00e1 descobrindo novas coisas? <\/strong>
\nExato. E esse encontro se d\u00e1 tamb\u00e9m na dan\u00e7a, em que os brasileiros fazem gestos de dan\u00e7a indiana. Mas n\u00f3s n\u00e3o estamos voltados para a superf\u00edcie e os entendimentos culturais, mas sim para como eles movem o corpo: os gestos das m\u00e3os, da face, do p\u00e9 que percorre o ch\u00e3o, etc. Estamos preocupados com o que est\u00e1 subjacente \u00e0 cultura.<\/p>\n

Existe uma rela\u00e7\u00e3o entre m\u00fasica, matem\u00e1tica e estrutura do gesto?<\/strong>
\nNa escola indiana, por exemplo, nunca se fala n\u00fameros, mas usa-se sonoridades que d\u00e3o um controle de equil\u00edbrio muscular para o gesto. Por exemplo, um gesto \u00e9 ti, outro gesto \u00e9 ta, e outro ainda \u00e9 tarikitatei; isso proporciona ao executante uma sonoridade que regula o impulso do movimento. Aprende-se muitas coisas como, por exemplo, o modo de cantar o gesto ou a possibilidade de sonoridades que existem para que o aluno equilibre o movimento. Isso \u00e9 muito s\u00e1bio. Os indianos t\u00eam, indiscutivelmente, uma experi\u00eancia que vem desde o s\u00e9culo XIII. E me refiro a livros que determinam como usar tudo isso. Por qu\u00ea negar a experi\u00eancia de culturas milenares que criaram escolas de express\u00e3o, de teatro, dan\u00e7a e m\u00fasica?<\/p>\n

Como voc\u00ea consegue gerar uma emo\u00e7\u00e3o est\u00e9tica a partir de gestos simples e cotidianos? <\/strong>
\nQuando o ser humano est\u00e1 em rela\u00e7\u00e3o com os objetos que ele manipula no cotidiano (como, cavoucando a fruta para comer) tudo \u00e9 muito pleno de tens\u00e3o, de um objetivo. J\u00e1 o gesto abstrato \u00e9 uma elabora\u00e7\u00e3o de uma fase mais evolutiva do homem. O que \u00e9 o gesto abstrato? Fazer movimentos que n\u00e3o est\u00e3o vinculados ao cotidiano nas a\u00e7\u00f5es fundamentais. Por\u00e9m, nenhum gesto abstrato est\u00e1 desvinculado do gesto funcional. O ir ao alcance de um objeto com a m\u00e3o significa, na hora de dan\u00e7ar, a \u00e2nsia, o desejo, a capacidade que o homem tem de prever, de antecipar o futuro e de construir. Quando se faz um gesto de pegar uma ma\u00e7\u00e3 sem na verdade peg\u00e1-la isso transmite muita coisa para o p\u00fablico. \u00c9 quando a pessoa que est\u00e1 executando o gesto vai percebendo que o psicomotor \u00e9, indiscutivelmente, anterior a tudo o que est\u00e1 dentro de n\u00f3s, como o desejo ou o anseio. O psiquismo n\u00e3o veio antes do psicomotor.<\/p>\n

No seu trabalho, voc\u00ea usa a dan\u00e7a indiana como ferramenta ou como narrativa? <\/strong>
\nEu gostaria de chegar no narrativo, onde se tem o teatro puro, que \u00e9 muito simp\u00e1tico de ver no dan\u00e7arino indiano, mas eu ainda n\u00e3o cheguei nisso. S\u00f3 uso a dan\u00e7a indiana como estrutura e instrumento para o desenvolvimento de padr\u00f5es de refinamentos neurol\u00f3gicos. Assim \u00e9 com o uso da face no gesto, que ir\u00e1 facilitar a degluti\u00e7\u00e3o, a mastiga\u00e7\u00e3o, a focar o olhar e a concentrar.<\/p>\n

Em trabalhos anteriores como Dan\u00e7a das Mar\u00e9s parece que voc\u00ea usa mais recursos narrativos. Em Samwaad, isso est\u00e1 mais dilu\u00eddo. Voc\u00ea concorda com essa afirma\u00e7\u00e3o? <\/strong>
\nSim, porque o roteiro musical deste trabalho pediu isso. S\u00e3o m\u00fasicas longas, de at\u00e9 14 minutos, onde o p\u00fablico n\u00e3o se mant\u00e9m concentrado o tempo todo. E o indiano est\u00e1 mais preocupado em estimular alguma sensa\u00e7\u00e3o que depois cres\u00e7a dentro dele, do que se o espectador vai estar atento ou n\u00e3o. Essa talvez seja a experi\u00eancia mais importante com a arte indiana ou asi\u00e1tica: saber que alguma coisa vai, em algum momento, dar um est\u00edmulo adequado. S\u00e3o coreografias que, musicalmente, parecem an\u00e9is mel\u00f3dicos em constante repeti\u00e7\u00e3o, em que as modifica\u00e7\u00f5es entre um anel e outro s\u00e3o muito sutis. Gestualmente, eu estou tentando fazer a mesma coisa. E n\u00e3o importa se o p\u00fablico se distrai uma hora ou outra. Ele tem o direito de ir para o inconsciente ou para um espa\u00e7o de descanso e retornar. N\u00f3s \u00e9 que n\u00e3o podemos parar. A experi\u00eancia, ent\u00e3o, \u00e9 essencialmente de m\u00fasica e gesto e uma constru\u00e7\u00e3o de uma hora e quinze minutos de movimento e sonoridade sem parar.<\/p>\n

Existe um jeito brasileiro de dan\u00e7ar? Quais os limites entre as especificidades de um corpo e sua diversidade? <\/strong>
\nN\u00f3s podemos fazer todos os movimentos de todas as culturas. A experi\u00eancia com outros gestos \u00e9 importante para que se reconhe\u00e7a o potencial locomotor humano, da mesma forma como se poderia aprender outras l\u00ednguas. O gesto \u00e9 a mesma coisa. E n\u00f3s n\u00e3o devemos negar essa experi\u00eancia ao jovem, que precisa delas. E nem por isso ele deixa de ser um brasileiro. N\u00e3o \u00e9 para ele virar um indiano, nem para vesti-lo de indiano, esse seria o equ\u00edvoco.<\/p>\n

Que caminhos te levaram a trabalhar com esses jovens? <\/strong>
\nComecei com essa hist\u00f3ria do “cidad\u00e3o dan\u00e7ante” em 1976, quando dei aos alunos da minha escola a possibilidade de desejarem participar do trabalho. Esse meu aluno estava encontrando nesse per\u00edodo comigo, no projeto “cidad\u00e3o-dan\u00e7ante”, um espa\u00e7o expressivo no palco. E nesse percurso, eu percebi que seria necess\u00e1rio construir uma escola de movimento para esse “cidad\u00e3o-dan\u00e7ante”, que n\u00e3o est\u00e1 apoiado nem no bal\u00e9 cl\u00e1ssico nem na dan\u00e7a contempor\u00e2nea, tem outros eixos de sustenta\u00e7\u00e3o. De algum modo se ap\u00f3ia mais nas dan\u00e7as \u00e9tnicas. Ent\u00e3o, foi constru\u00edda a Escola de Reeduca\u00e7\u00e3o do Movimento, que se apoiou nesses princ\u00edpios do desenvolvimento motor humano. Acontece que aos poucos os trabalhos foram se desenvolvendo no plano social, com crian\u00e7as em per\u00edodo de forma\u00e7\u00e3o, que, com um tempo de lazer mal utilizado, dispunha de mais horas livres para se dedicar aos ensaios de um espet\u00e1culo. Assim, consigo chegar com eles a resultados mais interessantes para o p\u00fablico assistir. Al\u00e9m disso, fica claro que \u00e9 na adolesc\u00eancia que esse trabalho deve ser estimulado, porque esta fase \u00e9 uma encrenca. Ele precisa dessa experi\u00eancia motora como ningu\u00e9m.<\/p>\n

Como \u00e9, para esses jovens, a descoberta do corpo no espa\u00e7o, envolvendo novas sensa\u00e7\u00f5es de volume e tridimensionalidade? Que import\u00e2ncia essa descoberta tem na forma\u00e7\u00e3o das suas identidades, individual e coletiva? <\/strong>
\nPara que se perceba a sensa\u00e7\u00e3o “eu estar existindo” \u00e9 necess\u00e1ria a sensa\u00e7\u00e3o motora do movimento. Por exemplo, o ser humano conceitua o tempo ap\u00f3s a resolu\u00e7\u00e3o de certos movimentos no seu corpo, que vai dando para ele a percep\u00e7\u00e3o de dura\u00e7\u00e3o e de um tempo. Essa conceitua\u00e7\u00e3o do tempo traz sensa\u00e7\u00f5es de identidade Todo movimento est\u00e1 vinculado ao tempo, nada acontece sem ele. E o uso do espa\u00e7o que o corpo adquire amplia a sua capacidade de express\u00e3o. O que \u00e9 express\u00e3o? \u00c9 conseguir, depois de metabolizar o conhecimento, traduzi-lo em discurso oral, em experi\u00eancias pl\u00e1sticas de pinturas, etc. O ser humano nasceu para realizar alguma coisa al\u00e9m daquilo que v\u00ea no animal; ele tem uma trajet\u00f3ria mais complexa. O movimento \u00e9 uma etapa indiscutivelmente importante para essa constru\u00e7\u00e3o de identidade; sem isso fica um estresse intelectual muito grande.<\/p>\n

Para voc\u00ea, existem diferen\u00e7as de assimila\u00e7\u00e3o motora entre um dan\u00e7arino profissional e um “corpo-cidad\u00e3o”? <\/strong>
\nO dan\u00e7arino profissional tem um corpo preparado, mas nem por isso ele j\u00e1 n\u00e3o tem v\u00edcios de linguagem. Se o “cidad\u00e3o-dan\u00e7ante” tiver capacidade de concentra\u00e7\u00e3o e paci\u00eancia para desenvolver uma coordena\u00e7\u00e3o adequada do movimento, ele chega a coisas bastante inusitadas que o p\u00fablico ainda n\u00e3o conhece. Eu ouso dizer que, apesar de ser muito encantador, o que o bailarino te traz como solu\u00e7\u00e3o de gesto n\u00f3s j\u00e1 conhecemos; infelizmente, ningu\u00e9m mais est\u00e1 olhando o corpo de um bailarino. Um “cidad\u00e3o dan\u00e7ante”, para quem tem prazer de ver o gesto, \u00e9 ao meu ver mais adequado.<\/p>\n

Em algumas outras \u00e1reas, como a psican\u00e1lise, o gesto \u00e9 colocado como algo mais primitivo, menos elaborado do que a palavra. Na sua concep\u00e7\u00e3o, existe essa hierarquia ou esse ju\u00edzo de valor? <\/strong>
\nN\u00e3o. S\u00f3 se o gesto for visto vinculado apenas \u00e0 sobreviv\u00eancia \u2013 andar, comer, proteger-se. Isso \u00e9 primitivo. N\u00f3s estamos falando j\u00e1 de um outro est\u00e1gio de elabora\u00e7\u00e3o. O homem, ao longo de mil\u00eanios desenvolveu o intelecto por meio da repeti\u00e7\u00e3o de realiza\u00e7\u00f5es motoras e do armazenamento de sensa\u00e7\u00f5es mec\u00e2nicas. N\u00e3o se dissocia mais linguagem oral e linguagem de gesto. \u00c9 feio ver uma pessoa de qualidades intelectuais soberbas com o corpo t\u00e3o maltratado. \u00c9 certo que prefiro um ser humano intelectualmente desenvolvido a mal-organizado verbal e intelectualmente. Mas esse refinamento motor de que eu falo exigiria igualmente um desenvolvimento intelectual precioso.<\/p>\n

Vem junto\u2026.<\/strong>
\nVem junto. Tanto que nessas crian\u00e7as do cidad\u00e3o-corpo, fizemos um trabalho de desenvolvimento de linguagem oral, porque comprovei, depois de anos, a gravidade que \u00e9 a crian\u00e7a ou o meu aluno adulto se coordenar corporalmente e n\u00e3o conseguir conceituar uma palavra no discurso oral.<\/p>\n

Voc\u00ea diria que tem uma t\u00e9cnica? Como voc\u00ea chegou a ela, sendo que trabalha com corpos t\u00e3o variados? <\/strong>
\nA t\u00e9cnica \u00e9 uniforme. Ela est\u00e1 apoiada em como o aparelho humano mec\u00e2nico locomotor se desenvolve e na passagem de tens\u00f5es de uma unidade para a outra. Como a tens\u00e3o passa de um bra\u00e7o para o outro bra\u00e7o? Pelo t\u00f3rax. Como transito essa tens\u00e3o muscular do lado direito para o esquerdo? Como ela sobe do meu p\u00e9 at\u00e9 a minha coluna vertebral? Como ela se difunde da press\u00e3o que minha m\u00e3o exerce at\u00e9 o cr\u00e2nio. Tudo isso \u00e9 muito importante que o ser humano vivencie. S\u00e3o sensa\u00e7\u00f5es muito espec\u00edficas que n\u00e3o podem ser trabalhadas em outros corpos animais.<\/p>\n

Desestruturar tamb\u00e9m faz parte da sua t\u00e9cnica para encontrar o gesto estruturado? Como isso influi na constru\u00e7\u00e3o da identidade. <\/strong>
\nN\u00e3o. Desestruturar nem em gestos inabituais, gestos errados, vinculados a psiquismos tormentosos. O que quer que ele traga no plano locomotor \u00e9 fundamental para se trabalhar. N\u00f3s n\u00e3o desestruturamos, mas modificamos o projeto de funcionamento e em um prazo mais duradouro a coura\u00e7a se desfaz.<\/p>\n

Mas me refiro ao inc\u00f4modo que gera uma posi\u00e7\u00e3o em que \u00e9 criado um desequil\u00edbrio no corpo? <\/strong>
\nO aluno \u00e9 colocado em posi\u00e7\u00f5es que criam unidades de tens\u00e3o, passando de um segmento para outro. Se ele n\u00e3o sabe se usar assim, na hora do exerc\u00edcio causa bastante conflito para encontrar a sensa\u00e7\u00e3o ou o movimento adequado. \u00c9 via sensa\u00e7\u00e3o que ele acha o correto, e reeducar uma sensa\u00e7\u00e3o \u00e9 muito dif\u00edcil porque n\u00e3o \u00e9 um h\u00e1bito que ele tenha experi\u00eancia. Causa, sim, bastante conflito na hora do fazer, mas, se conquistado, um imenso prazer.<\/p>\n

Como fica a quest\u00e3o da t\u00e9cnica em meio \u00e0 necessidade de se sobreviver pela constru\u00e7\u00e3o gesto? Quer dizer, qual a import\u00e2ncia de se fazer uma dan\u00e7a respons\u00e1vel? <\/strong>
\nO gesto nesse padr\u00e3o que a gente est\u00e1 ensinando traz indiscutivelmente mais bem-estar. Outros trabalhos corporais, e mesmo o meu, se n\u00e3o forem adequados podem gerar, pelo contr\u00e1rio, bloqueios. Ent\u00e3o, estimular a sensa\u00e7\u00e3o de preserva\u00e7\u00e3o do aparelho \u00e9 a nossa primeira preocupa\u00e7\u00e3o, porque se o aluno tiver algum desgaste ou les\u00e3o, ele vai levar isso para o resto da vida.<\/p>\n

Quais s\u00e3o as etapas do processo criativo do gesto, se \u00e9 que elas existem? <\/strong>
\nPrimeiro voc\u00ea deve construir as no\u00e7\u00f5es do tronco, desde a cabe\u00e7a at\u00e9 a bacia e toda essa linha que passa pelas costas, pelo per\u00edneo, assoalho p\u00e9lvico, sobe pela frente e passa pelo cr\u00e2nio. Isso tem uma elipse. Quando essa sensa\u00e7\u00e3o \u00e9 bem constru\u00edda pelos exerc\u00edcios e informa\u00e7\u00f5es, a pessoa come\u00e7a ent\u00e3o a estabelecer a rela\u00e7\u00e3o do movimento no espa\u00e7o, que \u00e9 um volumezinho. A gente come\u00e7a ensinando tudo numa frente. A partir dessa frente ele come\u00e7a a virar esses planos de movimento, como por exemplo, em vez de fazer de frente para uma parede fazer de frente para um canto. Depois voc\u00ea vai modificando a frente desse exerc\u00edcio que voc\u00ea deu e a\u00ed ele vai criando as complexidades no espa\u00e7o. A\u00ed n\u00e3o em fim\u2026 as equa\u00e7\u00f5es s\u00e3o infinitas.<\/p>\n

Qual a maior dificuldade que voc\u00ea encontra no seu trabalho, na estrutura dos mais diferentes corpos? <\/strong>
\nO desejo de ele ficar mais tempo entretido nisso, na procura disso. Enquanto ele est\u00e1 desejoso e interessado pelo brinquedo \u00e9 muito agrad\u00e1vel. Mas a nossa sociedade moderna e acelerada est\u00e1 se perdendo o h\u00e1bito do envolvimento mais longo. Esse \u00e9 o maior inimigo, a falta de paci\u00eancia.<\/p>\n

Como “acordar” a percep\u00e7\u00e3o do movimento no cotidiano acelerado, violento e tecnol\u00f3gico de hoje? <\/strong>
\nH\u00e1 estrat\u00e9gias. Deve-se dar o jogo da conquista para que o aluno consiga perceber que est\u00e1 ganhando etapas. Se voc\u00ea n\u00e3o der solu\u00e7\u00f5es r\u00edtmicas para ele vencer ele n\u00e3o se envolve.<\/p>\n

Qual a esperan\u00e7a que voc\u00ea v\u00ea no futuro do gesto? Pessoas que n\u00e3o freq\u00fcentam a sua escola. <\/strong>
\nSe o brincar for mais estimulado para o aprendizado, n\u00f3s ganhamos essa parada. O problema \u00e9 que a nossa sociedade \u00e9 careta, muito pr\u00e1tica no que ela quer resultar. Abrir a porta para o di\u00e1logo, para a troca, \u00e9 um mist\u00e9rio mesmo, \u00e9 dif\u00edcil.<\/p>\n

Voc\u00ea diria que est\u00e1 em sua fase mais madura? O que vem pela frente? <\/strong>
\nEu n\u00e3o sei, n\u00e3o tenho id\u00e9ia. Por\u00e9m, como formula\u00e7\u00e3o do m\u00e9todo, sim, o livro sai por causa disso. Sei que, depois de muitos anos de experi\u00eancia, posso dizer: “fa\u00e7a desse jeito”, “comece por aqui”, “cuidado com isso”. A fase agora \u00e9 ensinar os professores.<\/p>\n

E vai continuar com os jovens e com os espet\u00e1culos? <\/strong>
\nQuero continuar com os professores.<\/p>\n

Mas vai continuar produzindo espet\u00e1culos? <\/strong>
\nTalvez, mas n\u00e3o estou mais t\u00e3o preocupado se n\u00e3o for por a\u00ed. Se por acaso o caminho indicar que \u00e9 para trabalhar mais na educa\u00e7\u00e3o… O mercado de produ\u00e7\u00e3o art\u00edstica \u00e9 muito competitivo e eu n\u00e3o gostaria de fazer com qualidades menores.<\/p>\n

Deborah Rocha \u00e9 jornalista.<\/span><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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