{"id":5052,"date":"2007-10-30T15:43:25","date_gmt":"2007-10-30T18:43:25","guid":{"rendered":"http:\/\/beta.idanca.net\/2007\/10\/30\/o-que-diz-o-festival-de-danca-do-recife\/"},"modified":"2008-08-05T02:15:44","modified_gmt":"2008-08-05T05:15:44","slug":"o-que-diz-o-festival-de-danca-do-recife","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/idanca.net\/o-que-diz-o-festival-de-danca-do-recife\/","title":{"rendered":"O que diz o Festival de Dan\u00e7a do Recife?"},"content":{"rendered":"

Passado o turbilh\u00e3o de intensas atividades do 12\u00ba Festival Internacional de Dan\u00e7a do Recife (11 a 21 de outubro), que reuniu seis espet\u00e1culos de cinco companhias internacionais e vinte e quatro trabalhos nacionais, sendo onze deles de Pernambuco, al\u00e9m dos tantos pesquisadores, te\u00f3ricos, jornalistas e p\u00fablico da dan\u00e7a, o que \u00e9 que fica na cidade? Muitos foram os discursos que permearam as m\u00faltiplas a\u00e7\u00f5es do Festival e se desdobraram nos pensamentos dos sujeitos da dan\u00e7a do Recife, um processo iniciado antes mesmo da noite de abertura e, felizmente, sem data marcada para acabar.<\/span><\/p>\n

\u00c9 dos ecos destas falas, verbalizadas ou n\u00e3o, que extraio algumas quest\u00f5es, mais para refletir e dar continuidade aos di\u00e1logos do que para avaliar o \u00eaxito e os equ\u00edvocos do evento, que, sem d\u00favida, \u00e9 um dos principais acontecimentos da dan\u00e7a no Recife, tendo tamb\u00e9m o m\u00e9rito de contribuir na busca de um espa\u00e7o de destaque para a capital pernambucana no cen\u00e1rio nacional e internacional, objetivo este que vem ganhando for\u00e7a nas \u00faltimas edi\u00e7\u00f5es.<\/span><\/p>\n

Primando pela profissionaliza\u00e7\u00e3o, o Festival do Recife deu um grande salto qualitativo e quantitativo, principalmente depois que entrou (em 2005) no Circuito Brasileiro de Festivais Internacionais de Dan\u00e7a e decidiu substituir a comiss\u00e3o de sele\u00e7\u00e3o por um curador \u00fanico, fun\u00e7\u00e3o assumida pelo cearense Ernesto Gadelha, em 2006 e 2007. Esta modifica\u00e7\u00e3o, apesar de n\u00e3o livrar os organizadores de antigas cr\u00edticas sobre segmenta\u00e7\u00e3o, ajuda a definir o perfil do evento e justificar a inser\u00e7\u00e3o ou n\u00e3o de algumas obras na programa\u00e7\u00e3o, al\u00e9m de colaborar com a pretendida profissionaliza\u00e7\u00e3o do setor.<\/span><\/p>\n

O Lugar e o N\u00e3o-Lugar das Tradi\u00e7\u00f5es na Cria\u00e7\u00e3o Art\u00edstica Contempor\u00e2nea<\/em> foi o t\u00edtulo da primeira mesa-redonda do festival e \u00e9 um assunto recorrente quando se trata das produ\u00e7\u00f5es locais, at\u00e9 por causa da pertin\u00eancia do tema \u00e0 cena pernambucana de dan\u00e7a, fortemente marcada pela presen\u00e7a da tradi\u00e7\u00e3o, que aparece nos mais variados formatos, originando resultados c\u00eanicos, muitas vezes, t\u00e3o distintos esteticamente.<\/span><\/p>\n

A pesquisadora da Unicamp e do projeto Rumos Dan\u00e7a do Ita\u00fa Cultural, L\u00edlian Vilela, referindo-se a uma compara\u00e7\u00e3o entre Campinas (Lugar teoricamente sem fortes tradi\u00e7\u00f5es culturais. Ser\u00e1?) e cidades como o Recife (Lotada de tradi\u00e7\u00f5es populares em todos os cantos. Ser\u00e1?), trouxe um questionamento instigante na sua fala: “Porque \u00e9 que em alguns lugares o Brasil \u00e9 mais Brasil? “<\/em>. E, respondendo com outra pergunta, eu acrescentaria: Como \u00e9 poss\u00edvel mensurar a brasilidade e o pertencimento cultural de um corpo constru\u00eddo (e \u2018sempre inacabado’) em inevit\u00e1veis processos de hibridiza\u00e7\u00e3o? E se existem passaportes para permitir tr\u00e2nsito a uns e proibir ou inibir a passagem de outros por determinados assuntos, quem seria respons\u00e1vel por definir as fronteiras e a quem seria dado o poder de conceder os diversos tipos de vistos de perman\u00eancia? At\u00e9 que ponto a arte, principalmente a contempor\u00e2nea, e a dan\u00e7a como linguagem que j\u00e1 possui, por suas especificidades n\u00e3o verbais, meios de transpor fronteiras geogr\u00e1ficas, deve ser ideologicamente \u2018territorializada’? S\u00e3o perguntas que n\u00e3o podemos perder de vista ( e pretendo explorar mais em textos futuros) e foram muito bem lembradas por L\u00edlian Vilela e pelo professor da Universidade Paris VIII, Armando Menicacci, outro convidado, que, brincando com isso, concedeu a si mesmo um passaporte \u2018brasileiro’.<\/span><\/p>\n

Outra quest\u00e3o que perpassou os discursos do festival foi a \u00e9tica, principalmente no que se refere \u00e0 pesquisa. Seja ela pr\u00e1tica ou te\u00f3rica, foi ressaltada a necessidade do pesquisador adotar uma postura respons\u00e1vel com suas fontes de pesquisa e tamb\u00e9m com a constru\u00e7\u00e3o da hist\u00f3ria. O registro coreogr\u00e1fico, iconogr\u00e1fico ou escrito merece uma aten\u00e7\u00e3o especial e respeitosa para n\u00e3o correr o risco de praticar generaliza\u00e7\u00f5es est\u00e9reis; emitir opini\u00f5es equivocadas ou d\u00fabias; e realizar irrespons\u00e1veis omiss\u00f5es. A mem\u00f3ria da<\/em> e na <\/em>dan\u00e7a esteve presente no debate sob os t\u00edtulos de duas mesas-redondas: O Corpo Dan\u00e7ante: Lugar de Mem\u00f3ria e Esquecimento;<\/em> e Dan\u00e7a e Mem\u00f3ria: o que e para que preservar?<\/em> Com a lembran\u00e7a t\u00e3o “em voga”, n\u00e3o convidar nenhum dos pesquisadores (Val\u00e9ria Vicente, Roberta Ramos, Liana Gesteira ou outro membro da equipe) do Acervo Recordan\u00e7a, pioneiro projeto de mem\u00f3ria da dan\u00e7a pernambucana, que realizou um valioso trabalho de mapeamento da dan\u00e7a c\u00eanica local (1970 a 2000) e tem servido de modelo para historiadores de outros Estados e pa\u00edses, \u00e9, no m\u00ednimo, um “esquecimento estranho” e dif\u00edcil de explicar. Felizmente, estes desencontros oficiais foram minimizados pelos f\u00e9rteis encontros informais nos intervalos e corredores do Festival, que, somente com este esfor\u00e7o, conseguiu cumprir sua fun\u00e7\u00e3o de interc\u00e2mbio.<\/span><\/p>\n

Isso me faz retornar a quest\u00e3o da \u00e9tica e sua import\u00e2ncia em um evento que se inscreve com pretens\u00e3o de democracia em um universo de diversidade, e tendo um p\u00fablico igualmente diverso a conquistar e satisfazer. Ali\u00e1s, a falta de educa\u00e7\u00e3o de boa parte do p\u00fablico durante a maratona de espet\u00e1culos \u00e9 um dado para refletirmos e tentarmos sanar. Todas essas observa\u00e7\u00f5es levam a um questionamento: qual \u00e9 o papel do Festival de Dan\u00e7a do Recife (agora acrescido com o peso do internacional do seu novo t\u00edtulo)? Ele vem cumprindo sua miss\u00e3o? Deixo aqui estas perguntas, como \u2018norte’ das minhas considera\u00e7\u00f5es e impress\u00f5es, que agora partilho.<\/span><\/p>\n

Para o objetivo de democratiza\u00e7\u00e3o proposto no discurso do festival se concretizar, faltou uma maior aten\u00e7\u00e3o do coordenador geral Arnaldo Siqueira, profundo conhecedor da realidade da dan\u00e7a local, no sentido de nivelar o tratamento, as condi\u00e7\u00f5es (inclui-se aqui tamb\u00e9m o quesito “remunera\u00e7\u00e3o”) e o espa\u00e7o dado aos artistas e outros profissionais “da terra” e os “de outras terras”. A aus\u00eancia de pesquisadores\/te\u00f3ricos de dan\u00e7a de Pernambuco (sim, eles existem) inibiu o t\u00e3o produtivo interc\u00e2mbio gerado em oportunidades como essa, e foi agravada pela inconveniente escolha de datas e hor\u00e1rios das mesas (no feriad\u00e3o: dias 11, 12 e 13 de outubro), que inclusive “chocava” com o per\u00edodo de oficinas. Ali\u00e1s, os hor\u00e1rios precisam ser repensados, assim como as estrat\u00e9gias de comunica\u00e7\u00e3o, n\u00e3o s\u00f3 a rela\u00e7\u00e3o com a imprensa (entendendo a especificidade dos ve\u00edculos e sabendo aproveitar melhor os espa\u00e7os que lhe s\u00e3o oferecidos), mas tamb\u00e9m a divulga\u00e7\u00e3o de suas atividades junto aos profissionais da dan\u00e7a local, principalmente no que diz respeito \u00e0s a\u00e7\u00f5es formativas.<\/span><\/p>\n

A excelente experi\u00eancia do Dan\u00e7a Falada<\/em>, “bate-papo” entre criadores e p\u00fablico, realizada sempre na tarde seguinte \u00e0 apresenta\u00e7\u00e3o do espet\u00e1culo, poderia ser melhor divulgada atrav\u00e9s da locu\u00e7\u00e3o nos pr\u00f3prios teatros, por exemplo, e, assim, ser mais produtiva. A presen\u00e7a dos pesquisadores convidados tamb\u00e9m poderia ser utilizada como fomento deste di\u00e1logos, sendo a eles designada a tarefa de acompanhar e comentar alguns dos espet\u00e1culos no espa\u00e7o do Dan\u00e7a Falada<\/em> (ficam aqui registradas as sugest\u00f5es).<\/span><\/p>\n

Eliana Rodrigues, professora da UFBA, retomando o tema da mesa que comp\u00f4s, citou “a reinven\u00e7\u00e3o da tradi\u00e7\u00e3o popular na contemporaneidade”,<\/em> mencionando o lugar que estes elementos podem encontrar na dan\u00e7a contempor\u00e2nea. E por falar em lugar e n\u00e3o-lugar, olhando para o cen\u00e1rio da dan\u00e7a c\u00eanica recifense e observando tamb\u00e9m alguns exemplos citados pelos pesquisadores convidados, preocupa-me pensar no espa\u00e7o existente para os que n\u00e3o est\u00e3o nem aqui nem l\u00e1, mas em um entre-lugar, que nem se inscreve na tradi\u00e7\u00e3o nem se encaixa no que se convencionou chamar de dan\u00e7a contempor\u00e2nea, um t\u00edtulo que foi atrelado a f\u00f3rmulas e modelos, contrariando a pr\u00f3pria natureza deste fazer, que tem a liberdade como uma das suas principais caracter\u00edsticas.<\/span><\/p>\n

Poderia citar aqui in\u00fameros exemplos desta condi\u00e7\u00e3o nas experi\u00eancias originadas no Recife, mas vou me deter somente a um \u2018terreno’ onde tenho \u2018permiss\u00e3o de tr\u00e2nsito’ (Ser\u00e1?). Para ilustrar esta situa\u00e7\u00e3o, cito a dan\u00e7a ou metodologia bras\u00edlica, institu\u00edda e largamente difundida em Recife desde 1977 pelo Bal\u00e9 Popular do Recife a partir de uma pesquisa nos autos e folguedos do Nordeste brasileiro, e os tantos desdobramentos que ela gerou, como o trabalho de \u00c2ngelo Madureira e Ana Catarina Vieira (presente na edi\u00e7\u00e3o 2006 do Festival) e o espet\u00e1culo Preto no Branco, da Cia. de Dan\u00e7a Artefolia (que fez parte da edi\u00e7\u00e3o deste ano). Ao contr\u00e1rio das cria\u00e7\u00f5es de \u00c2ngelo e Ana Catarina, que j\u00e1 encontraram na dan\u00e7a contempor\u00e2nea o seu lugar; e, apesar de ter tido a interfer\u00eancia do core\u00f3grafo de dan\u00e7a contempor\u00e2nea, Ivaldo Mendon\u00e7a, o trabalho da Artefolia segue outro caminho, opta pela din\u00e2mica do m\u00e9todo bras\u00edlica e fala de frevo em corpos moldados nas t\u00e9cnicas das dan\u00e7as populares nordestinas. Mesmo tendo a mesma mat\u00e9ria-prima do primeiro exemplo como ponto de partida, Preto no Branco est\u00e1 neste entre-lugar e, se aqui ainda conseguiu espa\u00e7o na programa\u00e7\u00e3o, em eventos de outros lugares, supostamente menos ligados \u00e0s tradi\u00e7\u00f5es populares, talvez n\u00e3o conseguisse nenhuma brecha. Conv\u00e9m pensar, ent\u00e3o: para que e para quem dan\u00e7amos? E porque raz\u00e3o a dan\u00e7a precisa de “sobrenome”?<\/span><\/p>\n

O que me interessa n\u00e3o \u00e9 a busca de uma classifica\u00e7\u00e3o, dizer se \u00e9 isso ou aquilo na verdade \u00e9 o que menos importa at\u00e9 mesmo porque, concordo com o depoimento da cr\u00edtica e curadora de artes pl\u00e1sticas Cristiana Tejo (outra convidada de uma das mesas-redondas do festival) quando diz que “n\u00e3o nos cabe tentar medir o \u00edndice de contemporaneidade das obras”,<\/em> como parecem querer alguns eventos e editais da \u00e1rea. O que n\u00e3o devemos permitir \u00e9 que coloquem em d\u00favida a qualidade de um trabalho deste “entre-lugar”, somente porque o curador ou programador, desconhecendo aqueles c\u00f3digos, n\u00e3o consegue \u2018enquadrar’ o espet\u00e1culo ou coreografia na \u2018gaveta’ que ele criou.<\/span><\/p>\n

Por incr\u00edvel que pare\u00e7a, os que beberam nas tradi\u00e7\u00f5es culturais brasileiras parecem incomodar mais do que os que buscaram fontes populares internacionais, como a street dance<\/em> e o hip hop <\/em>em suas composi\u00e7\u00f5es coreogr\u00e1ficas. E no Festival do Recife n\u00e3o foi diferente, talvez sejam resqu\u00edcios de um comportamento de colonizado, que privilegia sempre o importado, o “de fora”, em detrimento do local, o “de dentro”. Talvez seja preconceito camuflado dos que insistem em enxergar a tradi\u00e7\u00e3o como oposto da modernidade e o popular como contr\u00e1rio do “culto”.<\/span><\/p>\n

Um festival deste porte acaba funcionando como espelho e todas estas quest\u00f5es se v\u00eaem nele refletidas. Dos onze espet\u00e1culos de Recife, por exemplo, apenas duas companhias (o Grupo Experimental, com Concei\u00e7\u00e3o e o j\u00e1 referido espet\u00e1culo Preto no Branco, da Cia. Artefolia) e um solo (Por si s\u00f3, de Helder Vasconcelos) tiveram espa\u00e7o na programa\u00e7\u00e3o dos teatros; os outros (coreografias e espet\u00e1culos de curta dura\u00e7\u00e3o) foram destinados exclusivamente aos espa\u00e7os alternativos do evento e em hor\u00e1rios pouco atrativos para o p\u00fablico em geral. Ao mesmo tempo, nenhuma das nove apresenta\u00e7\u00f5es de obras internacionais aconteceu nas periferias e dos grupos nacionais, somente o trabalho de Vanilton Lakka, de Uberl\u00e2ndia, Minas Gerais, e o da Focus Cia. de Dan\u00e7a, do Rio de Janeiro, foram vistos na programa\u00e7\u00e3o descentralizada.<\/span><\/p>\n

A proposta de descentraliza\u00e7\u00e3o do Festival, presente no discurso dos seus realizadores (leia-se Prefeitura do Recife), coordenadores, curador; precisa transcender seu significado geogr\u00e1fico. At\u00e9 mesmo porque, como alertou o core\u00f3grafo e bailarino Vanilton Lakka, durante a avalia\u00e7\u00e3o do 12 Festival Internacional de Dan\u00e7a do Recife, esta \u00e9 s\u00f3 uma “das dire\u00e7\u00f5es para pensar a descentraliza\u00e7\u00e3o, outra dire\u00e7\u00e3o interessante a ser seguida \u00e9 a descentraliza\u00e7\u00e3o da id\u00e9ia de dan\u00e7a, porque n\u00f3s fomos acostumados a pensar em dan\u00e7a como sin\u00f4nimo de ballet cl\u00e1ssico e, conseq\u00fcentemente a reconhecer como dan\u00e7a contempor\u00e2nea as produ\u00e7\u00f5es que partiram da\u00ed passando pela dan\u00e7a moderna como um desdobramento hist\u00f3rico linear do modelo ocidental de dan\u00e7a. Quando a gente come\u00e7a a pensar em hip hop, em parkour ou nas dan\u00e7as populares que tem aqui (no Recife), elas tem um tipo de codifica\u00e7\u00e3o diferente, que nem sempre as pessoas que est\u00e3o a frente dos festivais e editais conseguem entender, interagir, porque n\u00e3o t\u00eam acesso a estes c\u00f3digos”. <\/em>Conhecer e reconhecer estes c\u00f3digos como leg\u00edtimos e oferecer espa\u00e7o para eles \u00e9 um bom caminho para o Festival Internacional de Dan\u00e7a do Recife avan\u00e7ar na perspectiva da descentraliza\u00e7\u00e3o, considerando tamb\u00e9m a dire\u00e7\u00e3o conceitual e ideol\u00f3gica do termo, o que n\u00e3o deixa de ser um exerc\u00edcio pol\u00edtico.<\/span><\/p>\n

Passado o Festival, o que \u00e9 que fica? O que \u00e9 que ficou?<\/span><\/p>\n

Ficou a emo\u00e7\u00e3o da dan\u00e7a-teatro da companhia alem\u00e3 Toula Limnaios, com seu, para muitos considerado perfeito, Life is Perfect<\/em>, que apresenta de maneira contundente, e com uma interpreta\u00e7\u00e3o precisa, um “quadro de hist\u00f3rias da vida real se equilibrando na t\u00eanue linha entre momentos de felicidade e armadilhas da realidade”<\/em>. Ficou a imagem dos espet\u00e1culos pernambucanos, Concei\u00e7\u00e3o, Preto no Branco e Por si s\u00f3<\/em>, lotando teatros, encantando plat\u00e9ias e confirmando a for\u00e7a da tradi\u00e7\u00e3o (colocada em cena de formas distintas) e a qualidade das produ\u00e7\u00f5es locais. Ficou a for\u00e7a de Vanilton Lakka e seu interativo Outras Partes<\/em>, quebrando preconceitos, abrindo possibilidades para outras matrizes corporais nas cria\u00e7\u00f5es contempor\u00e2neas e levando a dan\u00e7a de rua (e suas modalidades) para o centro das discuss\u00f5es. Ficou a lembran\u00e7a pulsante das celebra\u00e7\u00f5es e festejos, do cavalo-marinho improvisado do bailarino alem\u00e3o Elik Niv, ao som dos versos de Helder Vasconcelos e um animado coro art\u00edstico multinacional e multicultural, brindando a conviv\u00eancia produtiva da diversidade. Ficou a riqueza da rede de pensamentos e informa\u00e7\u00f5es, a partir de agora conectados, o encontro das afinidades. Ficaram o verbo compartilhar e a virtude da generosidade como li\u00e7\u00f5es. Ficaram a \u00e9tica e a descentraliza\u00e7\u00e3o como palavras de ordem. E, principalmente, ficou a f\u00e9 no di\u00e1logo como estrat\u00e9gia de constru\u00e7\u00e3o coletiva de um evento, que exercitando mais a escuta e valorizando as pessoas e produ\u00e7\u00f5es locais, s\u00f3 tende a crescer.<\/span><\/p>\n

Se por um lado, um festival n\u00e3o precisa “agradar a gregos e troianos”, por outro, n\u00e3o deve sucumbir \u00e0s vaidades pessoais nem ser “de um dono”. O que deve ficar de um Festival? O Festival deve ficar. Como algo que pertence \u00e0 cidade e que a dan\u00e7a do Recife, mesmo em sua peculiar diversidade, possa nele se reconhecer. N\u00e3o existem respostas prontas, mas as perguntas podem levar a algumas pistas. Ficar atento a elas \u00e9 o dever dos que assumem a tarefa da coordena\u00e7\u00e3o ou a miss\u00e3o da curadoria, mas tamb\u00e9m \u00e9 obriga\u00e7\u00e3o de todos os sujeitos da dan\u00e7a. Que fiquem os aprendizados, o desejo de crescimento e a vontade de unir for\u00e7as e avan\u00e7ar…<\/span><\/p>\n

O que fica de um festival? O que ficou do 12\u00ba Festival Internacional de Dan\u00e7a do Recife?<\/span><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Christianne Galdino levanta algumas quest\u00f5es dando continuidade aos di\u00e1logos que aconteceram na 12\u00aa edi\u00e7\u00e3o do festival recifense<\/span><\/p>\n","protected":false},"author":121,"featured_media":0,"comment_status":"open","ping_status":"open","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"_mi_skip_tracking":false,"_monsterinsights_sitenote_active":false,"_monsterinsights_sitenote_note":"","_monsterinsights_sitenote_category":0,"footnotes":""},"categories":[31],"tags":[],"yoast_head":"\nO que diz o Festival de Dan\u00e7a do Recife? -<\/title>\n<meta name=\"robots\" content=\"index, follow, max-snippet:-1, max-image-preview:large, max-video-preview:-1\" \/>\n<link rel=\"canonical\" href=\"https:\/\/idanca.net\/o-que-diz-o-festival-de-danca-do-recife\/\" \/>\n<meta property=\"og:locale\" content=\"pt_BR\" \/>\n<meta property=\"og:type\" content=\"article\" \/>\n<meta property=\"og:title\" content=\"O que diz o Festival de Dan\u00e7a do Recife? -\" \/>\n<meta property=\"og:description\" content=\"Christianne Galdino levanta algumas quest\u00f5es dando continuidade aos di\u00e1logos que aconteceram na 12\u00aa edi\u00e7\u00e3o do festival recifense\" \/>\n<meta property=\"og:url\" content=\"https:\/\/idanca.net\/o-que-diz-o-festival-de-danca-do-recife\/\" \/>\n<meta property=\"article:publisher\" content=\"http:\/\/www.facebook.com\/idanca.net\" \/>\n<meta property=\"article:published_time\" content=\"2007-10-30T18:43:25+00:00\" \/>\n<meta property=\"article:modified_time\" content=\"2008-08-05T05:15:44+00:00\" \/>\n<meta name=\"author\" content=\"Christianne Galdino\" \/>\n<meta name=\"twitter:label1\" content=\"Escrito por\" \/>\n\t<meta name=\"twitter:data1\" content=\"Christianne Galdino\" \/>\n\t<meta name=\"twitter:label2\" content=\"Est. tempo de leitura\" \/>\n\t<meta name=\"twitter:data2\" content=\"13 minutos\" \/>\n<script type=\"application\/ld+json\" class=\"yoast-schema-graph\">{\"@context\":\"https:\/\/schema.org\",\"@graph\":[{\"@type\":\"WebPage\",\"@id\":\"https:\/\/idanca.net\/o-que-diz-o-festival-de-danca-do-recife\/\",\"url\":\"https:\/\/idanca.net\/o-que-diz-o-festival-de-danca-do-recife\/\",\"name\":\"O que diz o Festival de Dan\u00e7a do Recife? -\",\"isPartOf\":{\"@id\":\"https:\/\/idanca.net\/#website\"},\"datePublished\":\"2007-10-30T18:43:25+00:00\",\"dateModified\":\"2008-08-05T05:15:44+00:00\",\"author\":{\"@id\":\"https:\/\/idanca.net\/#\/schema\/person\/f18068470a6f89768082ad6f03de255c\"},\"breadcrumb\":{\"@id\":\"https:\/\/idanca.net\/o-que-diz-o-festival-de-danca-do-recife\/#breadcrumb\"},\"inLanguage\":\"pt-BR\",\"potentialAction\":[{\"@type\":\"ReadAction\",\"target\":[\"https:\/\/idanca.net\/o-que-diz-o-festival-de-danca-do-recife\/\"]}]},{\"@type\":\"BreadcrumbList\",\"@id\":\"https:\/\/idanca.net\/o-que-diz-o-festival-de-danca-do-recife\/#breadcrumb\",\"itemListElement\":[{\"@type\":\"ListItem\",\"position\":1,\"name\":\"Home\",\"item\":\"https:\/\/idanca.net\/\"},{\"@type\":\"ListItem\",\"position\":2,\"name\":\"O que diz o Festival de Dan\u00e7a do Recife?\"}]},{\"@type\":\"WebSite\",\"@id\":\"https:\/\/idanca.net\/#website\",\"url\":\"https:\/\/idanca.net\/\",\"name\":\"\",\"description\":\"portal de not\u00edcias sobre dan\u00e7a brasileira e internacional\",\"potentialAction\":[{\"@type\":\"SearchAction\",\"target\":{\"@type\":\"EntryPoint\",\"urlTemplate\":\"https:\/\/idanca.net\/?s={search_term_string}\"},\"query-input\":\"required name=search_term_string\"}],\"inLanguage\":\"pt-BR\"},{\"@type\":\"Person\",\"@id\":\"https:\/\/idanca.net\/#\/schema\/person\/f18068470a6f89768082ad6f03de255c\",\"name\":\"Christianne Galdino\",\"image\":{\"@type\":\"ImageObject\",\"inLanguage\":\"pt-BR\",\"@id\":\"https:\/\/idanca.net\/#\/schema\/person\/image\/\",\"url\":\"https:\/\/secure.gravatar.com\/avatar\/fe6c4ea325322f07566ed9bd6d03c1a0?s=96&d=mm&r=g\",\"contentUrl\":\"https:\/\/secure.gravatar.com\/avatar\/fe6c4ea325322f07566ed9bd6d03c1a0?s=96&d=mm&r=g\",\"caption\":\"Christianne Galdino\"},\"description\":\"pesquisadora de dan\u00e7a, jornalista recifense, com p\u00f3s-gradua\u00e7\u00e3o em Jornalismo Cultural (Universidade Cat\u00f3lica de Pernambuco-UNICAP) e mestranda do Programa em Extens\u00e3o Rural e Desenvolvimento Local-POSMEX, da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). 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